O Parlamento goiano sediou, na tarde desta quinta-feira (1º), o lançamento da Campanha Educação para a Autodefesa de Crianças, Adolescentes e Mulheres – Bloco Não é Não. A iniciativa é de realização conjunta da Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego); Secretaria de Projetos Especiais da Casa; do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Estado de Goiás e de diversas instituições parceiras.
Trata-se de um esforço para sensibilizar e promover mobilização social junto às autoridades públicas, aos familiares e educadores sobre a importância de promover precocemente a educação para a autodefesa de meninas e mulheres. No encontro de hoje, o vídeo que marca o lançamento da campanha permanente foi apresentado ao público.
O evento teve início com um passeio carnavalesco, acompanhado de muita música e dança, pelo saguão do Palácio Maguito Vilela. Em seguida, compuseram a mesa de trabalhos a procuradora especial da Mulher da Alego, deputada Rosângela Rezende (Agir); a cofundadora do Bloco Não é Não, Cida Alves; a vereadora de Goiânia, Aava Santiago (PSDB); a presidente do Conselho Estadual da Mulher, Ana Rita; as defensoras públicas Débora Vidal e Tatiana Bronzato; a assessora parlamentar Sandra Cabral, representante da deputada Bia de Lima (PT); a assessora Aline Porfírio, representante da deputada federal Adriana Accorsi (PT) e a vice-presidente do Dojô Padma de Karatê para Mulheres, Juliana Reis.
A procuradora da Mulher, Rosângela Rezende destacou a necessidade de buscar formas de fortalecer a voz feminina em todos os espaços. “O Carnaval é esse transbordar da alegria, e as mulheres têm o direito de ter esse espaço para se expressar. É um momento que não acaba com a Quarta-feira de Cinzas, ele tem reflexos durante o ano inteiro. Onde vamos, plantamos o fortalecimento da mulher e atuamos nesse movimento para que permaneçamos em pé”, afirmou.
“Queremos um Carnaval de muita alegria, queremos andar pelas ruas sem medo. Desde pequenas, nós aprendemos a ter medo, e nada justifica viver com esse temor, que nasce diretamente da misoginia”, refletiu a cofundadora do Bloco Não é Não, Cida Alves. Segundo ela, a iniciativa abarca todas as formas de feminilidade e também tem como objetivo promover um trabalho de argumentação para levar a marcos legais que promovam igualdade de gênero, cuidado e prevenção à violência.
Ao comentar que a opressão da mulher é um problema histórico, a presidente do Conselho Estadual da Mulher, Ana Rita, apontou o momento que chamou de “revolução mundial que nos coloca no lugar da visibilidade, da indignação e da mudança”. A professora defendeu que movimentos como o bloco Não é Não vão além do Carnaval.
A coordenadora da Defensoria Pública de Trindade, Débora Vidal, compartilhou a experiência do órgão em relação ao seu próprio programa de ações de combate à violência doméstica. Em parceria com a Secretaria de Esporte e Juventude do município, são oferecidas aulas de técnicas básicas de autodefesa para qualquer interessada.
“Esse encontro me reabastece de energia para enfrentar os próximos desafios que nos aguardam. Uma Casa de Leis que, até a 19ª Legislatura, só tinha duas deputadas, ser a avenida de inauguração de um bloco como esse extrapola o espaço de subordinação que querem destinar às mulheres”, comemorou a vereadora Ava Santiago. E completou: “No carnaval, a feminilidade foi considerada uma caricatura por muito tempo, e as mulheres tiveram que batalhar por seu espaço além da alegoria. Carnaval não é só folia, é uma tecnologia social de disputas de significado do mundo. É um espaço de poder simbólico”.
Conheça o movimento
O Bloco Não é Não realiza, há sete anos, ocupações culturais com a linguagem estética carnavalesca para levar às ruas e a outros espaços de lazer a bandeira do enfrentamento à misoginia e à cultura do estupro, além do respeito à liberdade e diversidade sexual. Embora seja um bloco de carnaval de rua, as atividades do coletivo ocorrem durante o ano todo.
O grupo desenvolve um trabalho de conscientização, engajamento, comunicação e relações públicas com o objetivo de influenciar políticas, ampliar marcos legais e promover e estimular campanhas educativas permanentes que fortaleçam a igualdade de gênero e a proteção da liberdade e integridade sexual das mulheres.
Parceiros
O projeto conta com os seguintes parceiros: Associação Mulheres na Comunicação; Bloco das Divas; Coletivo Girl Up GO; Coletivo Mulheres da Região Noroeste; Coró Mulher; Defensoria Pública do Estado de Goiás; Dojô Padma de Karatê para Mulheres; gabinetes das deputadas Bia de Lima, Adriana Accorsi, vereadora Aava Santiago; gerência de Vigilância às Violências e Acidentes da Secretaria de Saúde de Goiânia; Grupo de Mulheres Negras Malunga; Liga dos Blocos de Rua do Carnaval de Goiânia; Movimento Lixo Zero Movimento Nacional; Núcleo Fasam Jr. (Unifasam); Patrulha Mulher Mais Segura (GCM Goiânia); Ouvidoria da Mulher da Câmara Municipal de Goiânia; Projeto Bertha; RCamargo Produções Culturais e Artísticas Selváticas DJs; e Valenta Arte Urbana.