Assim como Lázaro Barbosa, outro criminoso que ficou nacionalmente conhecido por mobilizar por dias, as forças de segurança para sua captura em 1996, foi Leonardo Pareja, 22 anos.
Mas, a semelhança para por aí, nessa busca por dias e dias. Diferente da crueldade e sangue frio de Lázaro, Pareja abusava do deboche e da ironia em todas as circunstâncias. Sua personalidade era considerada de um psicopata manipulador, sendo capaz de sensibilizar a opinião pública.
Com uma ficha criminal extensa, iniciada aos 16 anos, praticou uma série de crimes como roubos a carro, assaltos a mão armada e sequestro. Em Feira de Santana na Bahia, ele assaltou um hotel e manteve a sobrinha do senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), de apenas 15 anos, como refém por três dias.
A adolescente foi trocada por um comerciante com o qual fugiu do hotel e durante 41 dias foi perseguido e se entregou em Maurilândia (GO). No antigo Cepaigo, atual Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, Pareja liderou uma rebelião cinematográfica com 43 detentos e fizeram como refém um grupo formado por coronéis da PM, delegado, promotor e até mesmo o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Homero Sabino de Freitas.
O desfecho da rebelião revelou um Pareja mais abusado do que nunca: parou o Fiat/Tempra com reféns num bar de Goiânia, deu autógrafos, comprou cigarros e bebidas. Não satisfeito, pagou a rodada de cerveja para os clientes com nota de R$ 50 dos R$ 100 mil reais recebidos na fuga.
Um dia depois foi recapturado pela polícia num posto de combustíveis em Porangatu, região norte. Em dezembro de 1996, nove meses depois da rebelião, ele foi assassinado por cinco colegas de presídio sob a justificativa de ter contado à direção sobre um plano de fuga. Na época a morte de Pareja foi bastante questionada. Um documentário sobre a vida dele, foi sucesso de crítica.
O comportamento em se exibir, inclusive mostrando cartas de fãs apaixonadas, os livros que pretendia escrever e algumas frases ditas por Pareja durante entrevistas a imprensa, refletia bem a mistura de narcisismo e egocentrismo que dominava a sua personalidade:
“Não me considero um Robin Hood, mas confesso que me identifico com ele”.
“Eu não existiria se não fosse o perigo”.
“Não sou super bandido, mas certamente sou mais inteligente do que a polícia”.
“Eu sou humano com quem é humano e sou cruel com quem é cruel”.