Faltam afeto e felicidade no país da pandemia

Eu havia preparado para duas semanas atrás um artigo em tom agressivo no dia da passagem do nosso querido José Augusto Inácio de Paula, um dos fundadores do Portal SR. Estou muito feliz pela recuperação da Sheilismar, ela passou por um grande perigo.

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Após cinco dias internada, Sheilismar retornou à sua família e aos poucos retoma suas atividades profissionais. Foto: Secom

Olá queridos amigos e amigas de Porangatu e região. É com esperança que voltamos a esse espaço da Sheilismar para retomar o diálogo com vocês depois do sofrido intervalo provocado pela invasão da Covid em nosso meio. Estou muito feliz pela recuperação da Sheilismar, ela passou por um grande perigo.

Eu havia preparado para duas semanas atrás um artigo em tom agressivo no dia da passagem do nosso querido José Augusto Inácio de Paula, um dos fundadores do Portal SR. Um jovem do Marketing Digital talentoso de apenas 33 anos que tinha três filhos e uma vida de trabalho a que se dedicar. Nesse artigo eu atribuía as responsabilidades a quem as merece, nosso presidente em primeiro lugar, chamando-o de todos os devidos adjetivos. É necessário fazer isso, mas nessa semana peço perdão para falar da falta que temos sentido de coisas boas: afeto, compreensão, carinho, humildade, inteligência, empatia, caridade, tolerância, humanidade…

A crise política do Brasil, e o nosso governo é a crise, arma os espíritos e nos transforma em guerreiros. Cada conversa, cada mensagem de Whatsapp, cada interação nas redes sociais é temperada com ódio, desprezo, cinismo e violência. A isso se somam comportamentos que deveriam estar reprimidos mas cada dia ficam mais explícitos, de violência psicopata, cruel e muitas vezes sexual contra crianças, mulheres, gays, indígenas, pessoas pobres, pessoas negras. Essas pessoas sofrem mais, porque o agressor acredita que é melhor e por isso tem mais direitos e quer defender seus privilégios.

Nessa luta contra a Covid19,o portal perdeu um de seus fundadores José Augusto Inácio de Paula.

Vivemos em uma sociedade armada em muitos sentidos. O que mais assusta são as armas de fogo que muitas pessoas tem adquirido e algumas gostam de ostentar. Uma sociedade armada, e de espíritos armados,  é a receita da carnificina. Um estúpido armado, antes de se preparar para uma possível guerra civil que está sendo preparada pelo nosso presidente, acaba matando o cunhado, a esposa, o filho, o vizinho ou outro cidadão em uma briga banal de trânsito.

A pandemia acaba agravando a doença espiritual. Eu sinto muita falta de abraços, conversas francas e amistosas, reuniões com os amigos e de falar com as pessoas de perto. Não sou só eu, mas todo mundo sente. Temos carência de afeto, de sorrisos, de dar as mãos e de nos encontrar. A pandemia tornou isso temporariamente impossível, mas parece que essa carência retorna para a vida como mais agressão, mais antipatia, mais ignorância, mais negacionismo.

A Universidade de Washington faz projeções estatísticas para a pandemia em todo o mundo. Para o Brasil as projeções trazem a péssima notícia de que até 1 de julho teremos 562.800 mortos. Só em abril serão 100 mil mortos.  Quem souber um pouco de inglês pode ver os gráficos neste link: https://covid19.healthdata.org/brazil?view=total-deaths&tab=trend .

Gerson Neto é jornalista, radialista, ambientalista e especialista em Planejamento Urbano e Ambiental.

Mas, a pesquisa também traz boas notícias. Primeiro ela aponta o dia 31 de março passado como o pico de contaminações, a partir desse dia elas começam a cair. Ela também aponta o dia 24 de abril como o pico das mortes, quando poderemos chegar a 4.000 mortes diárias, depois desse dia elas começam a reduzir rapidamente. Só que para essas projeções otimistas o estudo considera que a partir de 30 de março mudaríamos nosso comportamento aumentando o distanciamento social. Não sei como vocês estão vendo isso aí, mas aqui em Goiânia não fizemos distanciamento social pra valer esse ano.

Por fim, eu pergunto se vocês conhecem crianças que perderam os pais na pandemia. Algumas delas perderam a mãe tendo o pai ausente, outras perderam os dois. Essa é a contradição prática mais significativa que vivemos e simboliza a doença social que adquirimos pela crise política, de humanidade, de caráter e de crueldade que vivemos. Eu mesmo olho pra minha filha e penso nisso todos os dias. E você?

Boa páscoa a todos e todas.

2 COMENTÁRIOS

  1. De fato precisamos nos unir e clamar em uma só voz pela misericórdia e o amor incondicional de um Deus único e verdadeiro que não julga, condena ou exclui, mas que acolhe e põe de pé quando pensamos não mais resistir! A hora é de olhar para os que sofrem e compadecem por suas dores mais profundas. Sabemos que após tudo isso passar várias serão as cicatrizes deixadas, mas nem por isso perderemos a nossa Fé e Esperança de que dias melhores virão, pois temos um Deus Santo, Forte e Imortal que continuará cuidando de cada um de nós 🙏

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