Já pensou em ser um doador de órgãos?

Fila de espera por transplante de córnea no Brasil quase dobra nos últimos cinco anos Conselho Brasileiro de Oftalmologia alerta que o volume de procedimentos não retomou os níveis pré-pandemia de Covid-19.

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Atualmente, mais de 24 mil pessoas aguardam por um transplante de córnea no Brasil. Imagens: Reprodução

Essa pauta é de suma importância porque as filas de pessoas que aguardam por um transplante no País vêm aumentando. No caso do transplante de córneas, a fila de espera quase que dobrou nos últimos cinco anos. Atualmente, mais de 24 mil pessoas aguardam por um transplante de córnea no Brasil. Em Goiás, existem mais de 1,5 mil pacientes inscritos na fila única estadual de transplante de córnea em Goiás.

O número de pessoas na fila de espera para transplantes de uma forma geral em Goiás aumentou. Em julho deste ano, eram 2.023 à espera por um rim, córnea ou figado. Deste total, 1.599 aguardam por transplante de córnea. A maior parte da fila de espera em Goiás é formada por pessoas que precisam de doação de córnea. Em julho de 2023 eram 1.599.

A médica oftalmologista Juliane Santos explica que a córnea é uma lente que recobre a parte externa do olho. É também a lente mais forte e é através dela que a imagem entra no olho e vai até a retina. Portanto qualquer distorção ou opacidade na córnea causa grande perda de visão. Alterações na córnea podem ser causadas por doenças inflamatórias, infecciosas, degenerativas ou traumas. O transplante de córnea permite que as pessoas com doenças na córnea recuperem a visão.

A redução de doações e da realização de transplantes pela pandemia de Covid-19 contribuíram para o incremento da fila de espera nos últimos anos. O tempo de espera por um transplante de córnea, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), é de 13,2 meses, em média. No Brasil, a doação de órgãos só é autorizada em caso de morte encefálica, que representam menos de 3% das mortes no País. No caso da córnea, a doação pode ser feita após o óbito. Segundo a APABO (Associação Pan Americana de Banco de Olhos) o ideal é que os tecidos oculares doados sejam retirados até 06 (seis) horas após o falecimento. Mas vários fatores podem contribuir para que esse prazo seja maior (até 12 horas no Brasil).

O CBO alerta que o volume de procedimentos não retornou os níveis pré-pandemia de Covid-19. Em 2019, 12.212 pessoas estavam na fila de espera aguardando por um transplante de córneas. Até maio deste ano, os dados do Observatório CBO – plataforma criada pela entidade de acesso público e gratuito – registravam 23.946 pessoas na fila de espera pelo transplante. O total de intervenções realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2022 foi menor do que o que era executado no início da década passada.

De acordo com o levantamento, o número de transplantes de córnea no SUS recuou ao patamar do que era executado em 2013. Em 2020, auge da pandemia, a série histórica registrou o seu pior desempenho na década: 4.374 cirurgias. Em 2022, o Brasil voltou a realizar mais de sete mil transplantes ao ano, mas o número ainda está abaixo dos anos pré-pandemia. Os números mostram que, entre 2012 e 2022, a rede pública realizou cerca de 86 mil transplantes de córnea no Brasil.

Foram realizados 1.595 transplantes de córnea em Goiás nos anos de 2018, 2019 e 2020, com média anual de 532 procedimentos. De um total de 2.150 córneas captadas, obteve-se 78% de córneas aptas para doação. Dessas, 95,5% foram transplantadas e 8,4% (141) foram descartadas. O transplante de córnea é considerado o tipo de transplante mais frequente do mundo e representa cerca de 80% dos transplantes realizados em Goiás.

Caso tenham interesse em realizar esta pauta, sugerimos como fonte a oftalmologista Juliane Santos, que é formada em medicina pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em oftalmologia, reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). A médica também tem sub especialização em córnea pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutorado em medicina na mesma Instituição.

DÚVIDAS SOBRE O TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS
O que é o transplante?

O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto.

Como é a Lei de Transplantes?
A legislação em vigor determina que a família será a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade.

Existe caso em que o doador pode ser uma pessoa viva?
A pessoa maior de idade e capaz juridicamente pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia. Neste caso, podem ser doados um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.

Quem pode doar em vida?
O médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.

Quais são os órgãos e tecidos que podem ser obtidos de um doador não vivo?
Entre os órgãos estão rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino. No caso de tecidos, córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.

Quem recebe os órgãos ou tecidos doados?
Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e por meio do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis. Para os transplantes de córnea não é necessário compatibilidade, assim, o primeiro da fila é chamado.

Quem é o potencial doador não vivo?
São pacientes assistidos em unidades de terapia intensiva (UTIs) com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do sistema nervoso central, que determina a interrupção da irrigação sanguínea ao cérebro, incompatível com a vida, irreversível e definitivo.
Para a doação da córnea não é necessário que o coração ainda esteja batendo, a captação pode ser feita até 12 horas após o óbito.

Assessoria de Imprensa: Palavra Comunicação

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