Josias Leite de Freitas – Empresário, político e pecuarista

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Josias Leite de Freitas em frente a Assembleia de Deus Madureira.

A história de Josias Leite de Freitas, junta-se a de milhares de nortistas e nordestinos que migraram de suas terras para buscar novas oportunidades no centro-oeste, no sudeste e no sul do país. Nasceu no dia 13 de janeiro de 1944, na cidade de Barra do Corda – Maranhão.

Em sua terra natal foi alfabetizado no Instituto Evangélico Maranata e posteriormente matriculou-se no Colégio Diocesano Nossa Senhora de Fátima, onde estudou até o sexto ano.
Apesar da pouca idade, Josias Leite de Freitas, ainda nos idos de 1963, encantava-se com as notícias que seu primo, José Reis de Freitas, lhe transmitia à respeito dos acontecimentos da agitada vida em Brasília que estava em sua primeira década de existência. Esse primo trabalhava no Hotel Nacional e despertou em Josias e nos demais parentes, o interesse em buscar novos horizontes no planalto central.

Aguçado por seu espírito empreendedor, Josias, no auge de seus dezenove anos, despediu-se de seus pais Henrique de Freitas e Josefa Leite de Freitas, e rumou-se para o Estado de Goiás.

Ao contar sua viagem, Josias, nos surpreende com histórias carregadas de emoções, um misto de medo e coragem, sua peregrinação de Barra do Corda, até Porangatu, foi uma verdadeira epopeia, incluindo viagens de ônibus e de avião.

O amigo Pedro Cruz, comprou uma passagem para Josias, até Carolina – MA, depois Josias, partiu para Itupirama, Pedro Afonso, Porto Nacional, Gurupi e por fim, Porangatu, onde residia seu primo e depois cunhado, Antônio Ferreira da Silva, o conhecido, “chefe”.
O espírito de liderança de Josias, motivou a mudança de seus pais Henrique de Freitas e Josefa Leite de Freitas, e dos nove irmãos, para Porangatu, alguns vieram em 1965, os últimos chegaram em meados de 1973.

Chegando em Porangatu, ao descer do ônibus, ficou encantado com a cidade, conforme ele mesmo afirma, “foi amor à primeira vista, é aqui que quero ficar e fazer a minha vida”, disse. Imediatamente fez amizade com Antônio Campos, proprietário da Viação Ceres e também do prédio da antiga rodoviária de Porangatu, atual loja Curinga dos Pneus.

Em Porangatu, sua prima Maria Ferreira da Silva e seu esposo Frederico Coelho, eram comerciantes já conhecidos. O Armazém Ferreira, situava na esquina da rua Ceará com a Avenida Floriano Peixoto, já era um comércio bem estruturado e funcionava como uma distribuidora.

Adaura Silva Freitas, esposa de Josias, tem o sangue de comerciante em seu DNA, é filha de João Paulo Ferreira e Umbelina Gomes da Costa. João Paulo, já falecido, foi comissário de boiada muito conhecido nos sertões do Maranhão, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Excelente condutor de gado, tinha uma comitiva composta por oito homens, ele e mais sete, tornou-se, renomado comprador de gado, entre 1950 até 1965. Saia do Maranhão com sua comitiva com destino a Uberaba (capital brasileira do zebu), no Triângulo Mineiro e Barretos, interior de São Paulo.

Sérgio Ferreira, Antônio Ferreira (Chefe), João Paulo Ferreira e Maria Ferreira.
Nessas longas viagens, João Paulo e seus capatazes, traziam o gado para o Estado do Maranhão. Como era um boiadeiro que gozava de grande prestígio, realizava seus negócios pelo próprio percurso, ou seja, no estradão. Assim, onde parava dava início à negociação de animais, geralmente os machos, eram comercializados em Goiás e no Maranhão, de forma que contribuiu significativamente para o melhoramento genético do rebanho bovino do centro-oeste e do norte do país.

Em meados da década de 1960, um surto da febre amarela, coincidindo com alguns casos de meningite, preocuparam as autoridades da região do antigo médio-norte goiano, essas doenças levaram algumas pessoas a óbito. Nesse período, Josias, achou melhor voltar para Barra do Corda, onde ficou por um ano. Em sua viagem de volta, o primo Antônio Ferreira, o “Chefe”, solicitou que Josias levasse uma encomenda para o velho João Paulo Ferreira, pai de Adaura.

Chegando em Barra do Corda, no ato da entrega da encomenda, conhece sua prima, Adaura Silva de Freitas, com quem casa-se no dia 13 de janeiro de 1964, exatamente no dia em que completava 20 anos. Essa história de amor assemelha-se a um enredo de um filme de Hollywood. Eles celebraram a cerimônia do casamento, com apenas trinta dias após se conhecerem, sendo que em janeiro de 2023, o casal celebrará Bodas de Cereja com 59 anos de casados.
Ao casar-se com Adaura, permanece por um ano em Barra do Corda, quando decide retornar para Porangatu em 1965 e dar início à sua longa trajetória de vida, tornando-se exemplar chefe de família, funcionário de loja, de agência bancária, comerciante bem sucedido e fazendeiro. História que iremos detalhar nesse capítulo.

Em Porangatu, Josias Leite de Freitas e Adaura Silva Leite, foram recebidos pelo primo, o médico Dr José Mário de Freitas (Dr Freitas), pioneiro na medicina em Porangatu. Dr Freitas, prestou um grandioso serviço na área da medicina em Porangatu, foi sócio proprietário do Hospital e Maternidade São José no ano de 1964, atualmente reside em Goiânia, aos 93 anos de idade.

Retorna para Porangatu em abril de 1965, trabalhando inicialmente na primeira turma de funcionários da Loja Riachuelo. Literalmente, Josias ajudou a servir o coquetel de abertura da loja. Posteriormente, é convidado a trabalhar no Bradesco, sendo um dos primeiros funcionários.

Adaura e Josias. Fotos: Arquivos Pessoal

Enfim, Josias, realiza seu grande sonho ao Instalar a Casa Freitas, comercio varejista de roupas e calçados. Em pouco tempo a Casa Freitas teve o nome de fantasia alterado para Loja Maranata, onde o empresário presta uma homenagem à escola em que foi alfabetizado em Barra do Corda.

Na década de 1960, logo que chegou em Porangatu, Josias, antes de instalar sua loja, analisou o comercio local no ramo de confecções, armarinhos e calcados, dentre eles, destacavam-se a Casa Jaguatirica de Angelo Rosa de Moura, Casa Velosiana, de Domingos Veloso de Andrade e Casa Maranhense de Pedro Pereira Cunha, eram as lojas mais procuradas da cidade.
A Loja Maranata, encerrou suas atividades em 2002, após trinta anos de atividade comercial. Nesse período, Josias Leite de Freitas, especializou-se também como produtor rural, comprando áreas de terras brutas, transformando-as em pastagens propícias à criação de gado, agregando valor à terra. Com o tino de administrador, tornou-se um notável pecuarista em Porangatu.

VIDA FAMILIAR

Josias e dona Adaura, sempre ensinaram seus filhos a trabalhar e estudar. Sob os cuidados da mãe, os filhos aprenderam a caminhar agarrando nas prateleiras da loja. O sonho desse casal era ver os filhos formados e bem estruturados. Ensinaram-lhes que o principal legado não é herança financeira ou patrimonial, e sim, a educação, tanto no seio familiar, quanto no campo da instrução.

Com a finalidade de investir no futuro dos filhos e garantir-lhes uma boa formação, no ano de 1986, Josias, compra um apartamento no Guará II, no Distrito Federal. Seus filhos, Uiran Silva Freitas, tornou-se advogado, Airan Silva Freitas fez administração e foi bancária no Banco Regional de Brasília, hoje aposentada e Josias Leite de Freitas Junior, é advogado e enfermeiro.

PIONEIRO NA COMUNIDADE EVANGÉLICA DE PORANGATU

A história de Josias Leite de Freitas, no contesto religioso, está associada às suas raízes familiares. Seu pai Henrique de Freitas, foi dirigente e pastor auxiliar por vinte e dois anos, na igreja evangélica Assembleia de Deus, na cidade de Tuntum, região central do Maranhão.

Ao chegar em Porangatu, Josias, apresentou-se ao pastor local com uma Carta de Apresentação de sua igreja de origem (Assembleia de Deus de Barra do Corda). Essa carta, trata-se de uma apresentação pessoal, em que o pastor presidente da congregação de origem dá as recomendações de boa procedência e elogios ao portador, para que o mesmo tenha uma boa acolhida em sua nova comunidade religiosa, como de fato, aconteceu com Josias.

Na Igreja Evangélica Assembléia de Deus (Ministério Madureira) de Porangatu, Josias Leite de Freitas, é um dos pioneiros e atualmente é um dos membros ativos mais antigos.

Josias com Uiran e Adaura

Iniciou seus trabalhos, há 60 anos, quando tinha apenas 19 anos, ocasião que entregou sua Carta de Apresentação ao pastor João Araújo de Souza. Nessa época, havia menos de quinze membros em sua diretoria e ainda não tinha sequer, a constituição jurídica.

Josias e Adaura, participaram ativamente dos trabalhos religiosos, tanto na formação da escola dominical, como na administração da secretaria da igreja, cargos que ocuparam por vários anos.

Josias Leite de Freitas, foi protagonista no período em que a Igreja Assembleia de Deus, adquiriu os dois lotes no centro da cidade, (rua 15, esquina com a 17, ao lado do bosque da Lagoa Grande).

Em 1962, durante a gestão do quinto prefeito de Porangatu, Moacir Ribeiro de Freitas (1961-1965), o poder público fez doação da área que hoje pertence ao Colégio Estadual Stelanis Kopanakis Pacheco, por controvérsias com o poder legislativo, o projeto foi embargado, pois o terreno só poderia ser destinado ao propósito da doação conforme previa em sua forma original, que seria a construção de uma escola.
Em meados de 1984, o pastor Alcides José da Costa, ao passar na rua, parou em frente aos lotes que hoje está o templo da Assembleia de Deus e teve uma visão de que ali seria o local adequado para construir o templo. Essa área localizada em um local nobre da cidade, eram dois lotes que somavam 1.200m², que pertenciam dois grandes empresários da cidade.

Josias, acompanhou todo o processo da aquisição do terreno, fazendo intermediações com os proprietários, Dinoamérico Silvino de Oliveira Neto e Ari Gonçalves (Ari da CBT). Findadas as negociações com os proprietários, a Assembleia de Deus de Porangatu, passou a ter uma ampla área e iniciou as campanhas de arrecadação para a construção do templo. Para isso foi necessário muito esforço de todos os pastores, fiéis e da comunidade porangatuense, destacando-se o empenho do Pastor Antônio de Jesus Dias.

Graças aos esforços de Josias Leite de Freitas e de centenas de pessoas, o Templo da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Porangatu, é considerado um dos mais belos do Estado de Goiás e do país.

PAIXÃO PELA POLÍTICA PORANGATUENSE

Desde que chegou em Porangatu, Josias Leite de Freitas, buscou um intenso relacionamento com a comunidade, especialmente com seus clientes e com os irmãos de Fé, na Igreja Evangélica Assembléia de Deus (Ministério Madureira).

Ingressou na política porangatuense fazendo parte do grupo político de Pedro Teixeira Filho, prefeito de Porangatu (1966-1970). Inclusive, sua primeira ação política foi manifestar contrário a um decreto do prefeito Pedro Teixeira em que estipulava o fechamento dos estabelecimentos comerciais às 17:00h. O decreto foi revogado e o comércio voltou a funcionar até às 18:00h, conforme previa o abaixo-assinado organizado por Josias e pelos comerciantes da época.

Josias, fez parte de uma geração de políticos tradicionais da cidade, a exemplo, Angelo Rosa de Moura, Domingos de Carvalho (Gote), Waldemar Lopes do Amaral Brito, Domingos Veloso de Andrade, João Gonçalves dos Reis, Luiz Antônio de Carvalho e Dra. Ana Braga.
Filiou-se na União Democrática Nacional (UDN), disputando sua primeira eleição para vereador em 1976, obtendo 332 votos, alcançando a primeira suplência, assumindo em 1980, através da Emenda Constitucional nº 14, do Deputado Federal por Goiás, Anísio de Souza.

Essa Emenda Constitucional, conhecida como Emenda Anísio de Souza, foi publicada no Diário Oficial da União em 11 de setembro de 1980, prorrogou o mandato dos prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e suplentes até 1983. O número de cadeiras, no legislativo porangatuense, ampliou de 9 para 11 vereadores.

Dona Margarida e Josias Junior (Loja Maranata)
O prefeito era o médico Dr Trajano Machado Gontijo Filho (1977-1981). O vereador Josias Leite de Freitas, participou ativamente das principais realizações dessa gestão que corroborou significativamente com o desenvolvimento de Porangatu.
O ex-parlamentar cita alguns fatos marcantes como a instalação da fábrica da Coca-Cola (hoje desativada), a construção da rodoviária nova (prédio construído pelo Estado em convênio com a prefeitura, funcionou por mais de trinta anos, depois tornou-se Rodoshoping, hoje desativado após um vendaval em 2021), a construção da praça Angelo Rosa de Moura e do Ginásio de Esportes Luiz Antônio de Carvalho (Ginásio Velho), construção do prédio do Centro Social Urbano no setor aeroporto (C.S.U, atual Centro de Referência de Assistência Social – CRAS), construção do prédio da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Porangatu – FECELP (atual Universidade Estadual de Goiás, UEG), construção da Escola Municipal Professora Maria das Graças, aquisição do prédio do Banco do Brasil para funcionar a Prefeitura Municipal de Porangatu, compra e reforma da casa da família de Angelo Rosa de Moura, prédio que passa a brigar o Casarão – Centro de Tradições de Porangatu e o início da construção da Feira Coberta de Porangatu.

Em sua segunda disputa eleitoral, recebeu 339 votos, o prefeito da gestão era João Gonçalves de Reis (1982-1987). Como um posicionamento firme, o vereador Josias, sempre manteve uma posição de mandato independente, podendo manifestar de acordo com seus princípios e ideais.

Nessa administração Josias Leite de Freitas colaborou na aprovação de inúmeras leis como a Lei nº 810/86 que ficou aprovado o Estatuto do Magistério Público Municipal de Porangatu e exerceu um importante papel de defensor do interesse coletivo e de todas as ações voltadas para o desenvolvimento da cidade.

REFERÊNCIA DA FAMÍLIA, “LEITE DE FREITAS”

Filho mais velho do casal Henrique de Freitas e Josefa Leite de Freitas, Josias tornou-se o líder da família. Sempre atento, caráter exemplar, apaziguador, conselheiro, amigo, sensível aos problemas alheios, postura firme, leal aos valores cristãos. Enfim, Josias, com justiça, é reverenciado por todos.

Recentemente Josias, Adaura e a filha Airan Silva Freitas, participaram da criação do Comitê Pró-restauração do Prédio da Cadeia Velha de Porangatu e deram importante contribuição para o avanço da obra de restauração do prédio que é tombado pela Lei Municipal 590/84.
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Atualmente, Josias Leite de Freitas, está aposentado e exerce a função de pecuarista. Cumpriu sua missão como chefe de família, empresário, político e fazendeiro. Cidadão Porangatuense por título outorgado pela câmara municipal, carrega o orgulho de filho dessa querida terra, Porangatu.

Fonte: Euclides Goianinho – Presidente da Apale (Academia Porangatuense de Artes e Letras)

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