Nesta semana estamos vendo uma escalada gigantesca dos casos de Covid-19 em todo o país, em uma terceira onda de contaminação que se sobrepôs a segunda onda e duplicou a virulência, muito provavelmente impulsionada pelas novas variantes que apareceram em Manaus, na África do Sul, na Inglaterra e na Califórnia, algumas delas já em transmissão comunitária no Brasil.
Os mapas de monitoramento por todo o país adquiriram cores fortes e o número de mortes, que nos piores dias da primeira onda costumávamos ver alcançar a casa dos 1.000 já está alcançando os 2.000 por dia, o que deve acontecer ainda nesta quinta-feira.
Os municípios e Estados mais responsáveis já estão agindo de forma mais contundente, decretando medidas restritivas de aglomerações que variam em intensidade a depender dos acordos locais possíveis. Todos eles insuficientes, evidentemente, diante do avanço avassalador da doença. É importante lembrar que quando não existem UTIs disponíveis, todos os doentes que dela necessitarem morrerão, não importa se jovens ou idosos.
Porangatu fez o seu decreto possível, chamando de toque de recolher uma medida restritiva de funcionamento mais dura de proibição de funcionamento de bares e restaurantes, proibição de festas e reuniões e aglomerações em locais públicos e privados e manteve abertos os negócios: lojas e empresas.
Observando a situação da cidade e região que ela serve com seu Hospital de Campanha, vemos que nesta quarta-feira, 3 de março, com dados que podem ser obtidos no site do Governo de Goiás, https://datasets.saude.go.gov.br/docs/coronavirus/boletim/boletim.pdf, o HCamp de Porangatu conta com 15 leitos de UTI e tem apenas um vago, uma lotação de 93,33%. Esse número coloca a cidade e a região em alerta. Se duas pessoas precisarem de UTI, uma delas vai ficar sem.
A região terá uma melhora grande na disponibilização de vagas de UTI com a inauguração do Hospital Regional de Uruaçu, que deve começar a funcionar no próximo dia 8 de março, próxima segunda feira, e oferecerá mais 68 leitos de UTI. Isso com certeza será uma alívio para a região não apenas no combate ao Covid-19 mas para corrigir uma injustiça antiga de falta de atendimento de saúde na Região Norte. Mesmo assim não será um motivo para afrouxar o controle de disseminação.
O Covid-19 é um vírus cruel, hoje ele está mais perigoso do que no começo da pandemia no ano passado. Cerca de metade das pessoas que precisam de UTI morrem e aumentaram as estatísticas de jovens com resultado morte, sem falar nas cruéis sequelas resultantes das quais uma grande parte dos sobreviventes acabam falecendo.
As únicas armas eficazes que temos contra a doença são as vacinas, que estão ainda escassas no Brasil. A estratégia da vacinação vai ajudar em duas etapas: primeiro resguardando que os grupos mais vulneráveis: idosos e portadores de comorbidades adoeçam. Isso vai tirar um pouco de pressão do nosso sistema de saúde. Mas o Corona Vírus só vai ser vencido quando a vacinação chegar a toda a população, impedindo assim sua proliferação. Muitos países onde o programa de vacinação funciona já estão alcançando essa estabilidade e saindo da crise. A única preocupação deles é com o aparecimento de novas variantes que consigam vencer a imunização das vacinas e isso vai colocar o Brasil sob os olhos do mundo.
Nosso país é um dos únicos cujo governo continua se negando a enfrentar a pandemia. Nosso presidente insiste em sabotar todas as medidas eficazes, seja o uso de máscaras, seja o controle das aglomerações, seja a vacina. Bolsonaro é um psicopata, quer matar o máximo de pessoas possível. Mas nós aqui, que queremos viver e queremos que nossos familiares também sobrevivam, podemos combinar de não morrer?
As políticas assassinas já possibilitaram o aparecimento da variante de Manaus, a mais perigosa do mundo neste momento. Mas tudo indica que a disseminação descontrolada que temos no Brasil vai propiciar o aparecimento de outras variantes que podem ser mais fortes e imunes aos anticorpos produzidos pelas vacinas que temos disponíveis hoje. É por isso que o mundo logo vai pressionar o Brasil e muito pela vacinação massiva e pelo controle da pandemia por cima da teimosia assassina do nosso presidente. Eles se preocupam porque o surgimento dessas variantes coloca eles também em perigo e impede a superação da crise pandêmica também em seus territórios.
É por isso que os cientistas acreditam que o que salvaria o Brasil seria um Lockdown nacional sério, com restrição absoluta de circulação por 14 dias. Mas um Lockdown não é um toque de recolher depois das 22:30 ou como em Goiânia uma restrição de funcionamento do comércio. Lockdown são ruas vazias e o prefeito indo pessoalmente dar bronca em quem sai, como vimos ser feito em alguns vídeos na Europa no ano passado. Seriam 14 dias pelo controle da pandemia. Depois de 14 dias o ciclo da doença se completa nos assintomáticos e a contaminação diminuiria de forma contundente. Mas essa é uma esperança vã, para chegarmos a isso precisaríamos de um grande acordo nacional com toda a população. Porque não vai adiantar se alguns continuarem a circular, como os ratos ou os mosquitos da dengue, espelhado doença.
Porangatu é uma sociedade que tem uma força interna incrível. É uma sociedade madura, que se respeita e apesar das divergências internas, todas saudáveis e democráticas, preocupada com o bem comum da comunidade. Espero que vocês respeitem o decreto da prefeitura, sigam as recomendações dos cientistas, se cuidem e sobrevivam junto com seus amigos e parentes pra que a gente possa superar o mais rápido possível essa pandemia. Essa é uma tarefa da humanidade, mas se cada cidade não fizer sua parte ninguém sairá dessa crise cruel e mortal.