
Um fato nessa semana chamou a atenção na política de Goiás: a reação do Governador Ronaldo Caiado a uma entrevista de Alexandre Baldy ao O Popular, na qual Baldy cobrava apoio explícito do governador a eleição do Deputado Federal Arthur Lira a presidência da Câmara Federal. Em Goiânia a família e o grupo político de Baldy estava aliado ao governo Caiado a ponto do irmão de Alexandre, Adriano Baldy, ser o Secretário de Cultura.
Mas quem é essa família Baldy que criou uma grande força política em Goiás nos últimos 10 anos? Alexandre Baldy é o filho caçula do procurador de justiça Joel Sant’anna Braga. Muito jovem começou a militar em espaços políticos juvenis como a ACIEG Jovem e a Associação de Jovens Empresários. Foi lançado na política por Marconi Perillo, que o nomeou Secretário de Indústria e Comércio em 2011.
Como empresário consta a participação de Alexandre Baldy como sócio em 5 empresas de embalagens e representação comercial. Vou ficar devendo ao meu amigo leitor e minha amiga leitora que notoriedade as desconhecidas empresas Abaldy Representação Comercial, Barbaresco, Pactkting, Macro Etiquetas e Rótulos Adesivos e Pretrus Empreendimentos e Representações emprestaram a Alexandre Baldy para transformá-lo no grande nome do empresariado goiano. Essas empresas constam na declaração de bens dele nas eleições de 2014, são dados públicos.
De Secretário da Indústria e Comércio, Alexandre Baldy teve uma carreira meteórica e já foi eleito Deputado Federal em 2014, terminando esse primeiro mandato como Ministro das Cidades do presidente Michel Temer em parte de 2017 e em 2018. Já em 2019, Alexandre Baldy foi nomeado Secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo pelo Governador João Dória. Muito bem articulado o Alexandre, sem sombra de dúvidas.
Em Goiás Alexandre Baldy é presidente do Partido Progressista, que nas eleições de 2018 se aliou ao MDB de Daniel Vilela e elegeu Vanderlan Cardoso, senador.
Dois Adrianos
Temos dois Adrianos na continuação da história. A força de Alexandre Baldy é tão grande que ele conseguiu eleger um poste para a Câmara dos Deputados: Adriano do Baldy, seu ex assessor. O outro Adriano emplacado por Alexandre foi o irmão, esse sim Adriano Baldy, que se tornou Secretário da Cultura a partir da entrada do PP na base do governo Caiado em novembro de 2019.
Em seu período como Secretário de Cultura, Adriano Baldy teve um êxito importante, a realização do Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, ainda que em ambiente virtual, coisa que não havia sido alcançada pelo seu antecessor, o escritor Edival Lourenço.
Encurtando a história pra ela não ficar muito embaraçada: Alexandre Baldy é presidente do PP em Goiás. O PP é o terceiro maior partido na Câmara Federal e integra o famoso Centrão, uma força política considerável. Ao mesmo tempo que Alexandre apoiava Caiado com o irmão participando do seu governo ele trabalha em São Paulo para João Dória.
Aqui entra o quarto personagem que liga esse outro lado do quadrado, o Presidente Jair Bolsonaro, de quem Ronaldo Caiado está cada vez mais próximo e atuando em consonância tão grande a ponto de atacar o Governador de São Paulo, João Dória, pelo destino das vacinas produzidas pelo próprio Governo de São Paulo em seu Instituto Butantã.

Vamos recapitular: Baldy trabalha com Dória. Dória põe Bolsonaro em cheque com sua produção de vacinas em contraste com a paralisia do Governo Federal. Caiado ataca Dória para defender Bolsonaro. Até aqui faz sentido, só que Baldy foi defenestrado do Governo estadual por pedir que Caiado apoiasse com mais força o candidato de Bolsonaro a presidência da Câmara, Arthur Lira. O rompimento foi tão radical que além de Adriano ser demitido da Secult, outro irmão de Alexandre, Joel, foi demitido de uma diretoria da Assembleia Legislativa. Isso tudo aconteceu em dois dias, terça e quarta-feira desta semana, dias 26 e 27 de janeiro.
O que pode explicar esse novelo estranho de acontecimentos é o que anuncio no título desse artigo: antecipação das eleições de 2022. A defenestração do Clã Baldy em Goiás enfraquece uma campanha de João Dória a presidente aqui no estado e pode ter sido ordenada pelo Presidente Bolsonaro, cujo maior projeto de governo é vencer a reeleição. Só que em política as coisas nem sempre vão conforme o planejado e nunca são simples de antecipar. Digo isso porque ações políticas fortes tem sempre muitos efeitos colaterais. Qual a reação do PP com Bolsonaro ao ver seu garoto de ouro ser tratado assim? Quem será mais atrativo para 2022, Bolsonaro ou Dória? E como ficará a disputa estadual para 2022, quando Caiado pretende se candidatar a reeleição? Ninguém está seguro nesse pântano cheio de sapos, traíras, mentiras e leite condensado.