Mulher com depressão morre após ataques pessoais em discussão política em grupo de WhatsApp

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ERRATA: Após a publicação da reportagem, o pai da vítima explicou que durante o desespero no andamento da perda da filha não havia feito ainda uma varredura na casa dela. Que após fazer isso, percebeu que seus remédios estão de acordo com a orientação que ela tomava e o que consta no atestado de óbito é uma parada cardíaca. Mesmo assim, ele reitera que fará a denúncia na próxima segunda-feira a polícia, pois a mesma vinha sofrendo ataques pessoais e enfrentando a depressão e ele acredita que isso culmnou na sua morte. Nossa equipe continuará acompanhando o caso.

Uma servidora pública estadual morreu na manhã desta sexta-feira (30), após discussões políticas que partiram para ataques pessoais a ela e ao seu pai no grupo de WhatsApp Mutun Notícias.

Os debates daquela manhã giravam a torno da impugnação em primeira instância, da candidata de oposição Silvania Rocha, quando o pai da vítima se manifestou contra a decisão e levantou questionamentos sobre a atual gestão.

Entre outras respostas ao questionamento de Milton, um número identificado como Fazenda Mutun comentou: “Colocou até sua filha pra trabalhar que nem competência tem”, além de o acusar de vender voto e aos dois de não pagar dívidas.

O pai da vítima respondeu às acusações e questionou a identidade do perfil que não tinha foto e nem nome pessoal. Em certo momento, às 09h49, a vítima entrou na discussão e comentou “Tenho falta de competência que já estou aqui a quase 5 anos” (SIC)

As conversas no grupo seguem, até que às 10h27, o número citado divulga no grupo uma ação trabalhista e mais uma vez provoca o pai da vítima. Às 10h45, o pai envia um áudio e é possível perceber ao fundo choro e desespero. Ele informa que a filha está no hospital morrendo e que seria devido aos áudios que a ela ouviu da discussão entre os dois. Ao final, ele informa que irá até o fim do mundo para descobrir quem é a pessoa que enviou as mensagens.

As conversas no grupo continuam e às 11h05, Milton em desespero com sua família, informa que a filha morreu. Uma das participantes informa que a vítima estava em tratamento contra a depressão. Após isso, o número foi excluído do grupo. Ao 12h03, o grupo foi fechado temporiamente por um dos administradores para “evitar qualquer comentário inapropriado ou especulação…”

Em contato com o pai da vítima, ele informou que irá buscar orientação jurídica sobre o caso.

O fato traz o alerta sobre as atitudes acirradas em período eleitoral onde as propostas perdem espaço para ataques políticos e pessoais, bem como para as distorções e fakenews.

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